O custo médio de uma casa em Londres já atingiu mais de £500.000 (R$2.063.700), um número muito além do alcance da grande maioria dos indivíduos ou famílias que possuem rendimento médio do Reino Unido ou estão abaixo dele (£34.473, ou pouco mais de R$142.000 por ano). É uma história que tem sido contada inúmeras vezes nos últimos anos; a "crise da habitação", devido ao seu reduzido acesso, continua assombrando toda uma geração.
Para a Naked House, uma organização sem fins lucrativos dedicada a "fazer com que a habitação a preços acessíveis volte à sua essência", crises exigem respostas criativas. Com apoio e financiamento da GLA (Greater London Authority) e do prefeito de Londres, que concedeu £500.000 ao empreendimento, eles - em colaboração com a OMMX - deram agora um passo importante para realizar a sua visão.
A premissa é simples: "a unidade Naked House será um envelope bem projetado". Na prática, isso requer a construção de uma "base" que pode ser adaptada, estendida e melhorada ao longo do tempo - mas é apenas parte da fórmula necessária para diminuir o custo de construção de casas. O custo da terra, por exemplo - que frequentemente é o custo mais significativo - foi retirado da conta a partir de um arranjo de arrendamento em terras públicas. Desta forma, ao invés de pagar altos encargos, os ocupantes irão pagar um "aluguel mensal do terreno" para a autoridade local que possui a terra. E para garantir que as unidades Naked House "permaneçam acessíveis indefinidamente", os idealizadores têm uma cláusula de revenda no contrato de arrendamento que "garante o desconto original para os compradores subsequentes". De acordo com os desenvolvedores:
Qualquer um pode se inscrever para adquirir uma Naked House, contanto que ganhe menos de £90.000. Não precisamos showrooms extravagantes ou cadernos de vendas. As casas falarão por si.
A OMMX, empresa com sede em Londres por trás do projeto das vinte e duas casas que serão construídas em três locais "restritos" no norte da capital britânica, desenvolveu projetos que garantem que os padrões de vida sejam tanto mantidos quanto superados. Com base na tipologia urbana dos Mews - tipicamente antigos estábulos convertidos em uma fileira de casas convertidas, ou edificações construídas para parecer como tal - cada moradia será "construída com materiais robustos, baratos, do tipo 'faça-você-mesmo' ou 'projete e construa'". A intenção é fornecer flexibilidade suficiente "para garantir que o edifício possa ser facilmente adaptado para uso futuro em todo o seu ciclo de vida", estimado em até um século.
A ideia de colaboração entre arquitetos e proprietários não é de forma alguma uma ideia radical - nossa proposta se baseia numa maneira tradicional de construir casas na Grã-Bretanha. É interessante, no entanto, que arquitetos e empresários agora estão abraçando sua realidade para fornecer o que esperamos ser um amplo e inclusivo espectro de soluções para a crise de habitação do Reino Unido.
Portanto, para manter a relevância a longo prazo, cada casa antecipará e encorajará futuras adaptações. Habitação social "metade pronta", embora não seja um conceito novo, enfrenta desafios específicos no contexto do consumo de Londres. Em seu estado inicial, "as casas possuem plantas completamente livres e são equipadas com um número mínimo de equipamentos e acessórios". Cinquenta metros quadrados de habitação em planta livre serão inicialmente fornecidos a cada residente, e esta área pode então ser expandida de uma das seguintes maneiras: através de uma extensão na parte de trás ou preenchendo o espaço de pé-direito duplo dentro do envelope existente.
Em relação à primeira maneira, as fundações serão colocadas para que a extensão possa fazer uso de uma parede de altura total do jardim, que se posicionará no limite da propriedade. De acordo com os arquitetos, "isso significa que o residente só precisa construir um telhado e fazer um isolamento no espaço interno para ter uma nova sala bem proporcionada". Como as paredes do perímetro já terão sido construídas, "já haveria um acordo com os vizinhos que viabilizaria a extensão".Quando totalmente construídas, cada casa terá o potencial para alcançar 87 metros quadrados - o equivalente a uma casa de dois pavimentos com três quartos e para quatro pessoas, de acordo com o atual Guia de Projetos Residenciais de Londres.
Se um residente quiser mais espaço sem estender o envelope físico do edifício existente, há a opção de "construir a partir do mezanino construído, formando uma casa de dois andares". Para isso, uma prateleira interna de concreto "se projetará das paredes do perímetro da casa", permitindo que os moradores "facilmente apoiem vigas de madeira nesta prateleira para formar um novo piso". A camada que garante a estanqueidade do telhado se localizará acima da estrutura para permitir que o residente facilmente substitua os painéis opacos por painéis transparentes para construir claraboias.
[A Naked House] fornece um envelope inicial bastante acessível, de proporções generosas e com muito potencial. O trabalho mais pesado é feito pelo construtor, que fornece ao residente uma tela em branco para que este transforme a edificação em seu lar.
Playing the Housing Game for Profit: the British Volume Housebuilding Project
In his essay "Figures, Doors and Passages", the architectural historian Robin Evans described how "it is difficult to see in the conventional layout of a contemporary house anything but the crystallization of cold reason. Because of this," he asserted, "we are easily led into thinking that a commodity so transparently unexceptional must have been wrought directly from the stuff of basic human needs."